Já diz o ditado que “ninguém nasce ensinado” e, no que respeita a saber poupar, não é diferente. Culturalmente fazemos parte de um conjunto de países que são conhecidos por gostar de gastar dinheiro e de ostentar bens materiais. Por isso, é natural que este comportamento, não tendo sido contrariado desde criança, continue a ser repetido ao longo da vida. A menos que cada um de nós decida, por si próprio, mudar.
Já aqui falámos da importância de poupar e em como o fazer. Agora, queremos ajudá-lo a analisar se o esforço que tem vindo a fazer neste sentido está, realmente, a surtir efeitos ou se, pelo contrário, está a investir demasiada energia num plano de poupanças que a médio-longo prazo não lhe trará benefícios.
Existem várias formas de poupar, mas nem todas estão corretas e lhe trarão uma real poupança no futuro. Saiba o que não deve fazer se quer realmente poupar dinheiro.
Não liquidar as suas dívidas antes de começar a poupar dinheiro irá impedi-lo de ver um real crescimento das suas poupanças. Como?
Digamos que deve 3.000€ do seu cartão de crédito e apenas consegue fazer pagamentos mínimos fracionados por mês. Nesta situação, irá demorar anos e anos a pagar a dívida sem nunca conseguir reduzi-la significativamente, pois estará a liquidar apenas os juros da mesma.
Compare os juros que ganha de uma conta poupança com os juros que perde da dívida contraída e verá que, na grande maioria das situações, compensará mais pagar primeiro o que deve. Por isso, foque-se primeiro em liquidar as dívidas possíveis antes de pensar em investir em poupanças.
Sendo o carro um investimento considerável, o mais natural é que queiramos que o mesmo dure durante muitos anos. No entanto, como qualquer outro bem material, é perecível e ao fim de alguns anos o mais provável é que lhe comece a dar muitas despesas extra.
Não procure manter o seu carro, só porque criou uma ligação emocional com o mesmo. Adiar o inevitável só lhe trará despesas ainda maiores e acabará por ter que o substituir. Esteja atento aos primeiros sinais de desgaste e, em caso de dúvida, o Automóvel Clube de Portugal ajuda-o a identificar os sinais de alerta neste artigo.
Servindo de complemento ao Sistema Nacional de Saúde (SNS), um seguro de saúde é muito utilizado pelos Portugueses, como forma de ultrapassar os tempos de atendimento no serviço público. Em Portugal, um em cada quatro cidadãos com mais de 15 anos tem um seguro de saúde.
Aquando de uma emergência, se tivermos que esperar por consultas, exames ou operações importantes, podemos estar a correr sérios riscos de vida. Assim, um seguro de saúde dá-lhe acesso a uma rede serviços médicos de qualidade, com maior rapidez no atendimento.
Para além disso, os seguros de saúde têm associado um conjunto de coberturas que pode ser mais ou menos abrangente. Essas coberturas garantem que a seguradora irá responsabilizar-se pelo pagamento da despesa, de acordo com os limites associados ao plano contratado.
Por se encontrar de boa saúde, pode considerar que não necessita de contratar um seguro de saúde. Contudo, em caso de urgência, nomeadamente no que respeita a problemas de estomatologia, onde os custos com os tratamentos são bastante elevados, irá lamentar não o ter feito mais cedo.
Viajar em companhias low cost pode parecer uma boa ideia, principalmente para destinos curtos e dentro da Europa. No entanto, apesar de, por norma, o preço dos bilhetes ser mais barato, estas companhias tendem a disponibilizar serviços muito mais caros do que companhias tradicionais.
Por exemplo, numa companhia tradicional, o preço do bilhete inclui bagagem de porão e, muitas delas, permitem escolher o assento. Nas companhias low cost estes serviços são cobrados à parte e a preços muito elevados.
Por outro lado, as companhias low cost são também conhecidas pelas várias situações de atraso dos voos e se um atraso implicar perder um outro voo ou uma noite já paga num hotel, deverá avaliar se deve ou não arriscar pois, no final, poderá acabar por pagar mais do que o inicialmente estipulado.
Comprar algo de que realmente não precisa só porque está com desconto significa que está a gastar dinheiro que irá necessitar posteriormente. Antes de comprar algo, ainda que em saldo, compare os preços online e pense se realmente precisa do produto ou é apenas uma compra por impulso.
Por outro lado, analise a qualidade do produto. Por vezes, compramos um produto só porque é mais barato e poderão dar-se duas situações:
A melhor forma de não cair em tentação é sair de casa sabendo exatamente que produto vai comprar, quanto vai custar e onde o poderá adquirir. Deste modo, evitará comprar outros produtos de que não precisa apenas porque estão em saldo.
Hoje em dia praticamente todas as lojas, nomeadamente de produtos de consumo, disponibilizam cartões de crédito próprios para ajudar o cliente a fracionar o valor das compras em mensalidades.
Apesar de parecer apelativo, porque o crédito é concedido muito facilmente, não se esqueça de fazer as contas às taxas de juros que, por norma, são bastante elevadas e prejudicam o seu plano de poupanças.
A melhor prática a adotar será juntar o dinheiro e fazer um pagamento único para adquirir o equipamento, caso este não seja essencial.
Sempre que planeamos por de parte algum dinheiro no final do mês, após cumprirmos com as obrigações, o mais provável é não acontecer.
Em vez de colocar todas as necessidades e desejos antes dos objetivos de poupança, faça um orçamento onde dê prioridade às poupanças, logo após cumprir com as obrigações. Depois, automatize o processo, ao transferir de forma automática determinado montante para as suas poupanças no dia em que recebe o seu vencimento. Deste modo, saberá que não vai falhar em pagar-se a si primeiro.
O mais comum quando iniciamos um plano de poupança é estarmos muito motivados e entusiasmados com a ideia de poupar e o dinheiro que iremos amealhar com o passar dos meses. No entanto, este entusiasmo tende a desvanecer e acabará por deixar a poupança para último lugar.
Não torne mais difícil o ato de poupar. Se todo o dinheiro que poupa é alocado a uma mesma conta ou pior, fica na sua conta à ordem, apenas está a tornar a situação mais difícil para si próprio. O dinheiro poupado deverá estar “invisível” e só aceder ao mesmo quando realmente precisar.
A grande maioria dos bancos permite-lhe abrir várias sub-contas sob uma mesma conta principal. Por isso, se possível, abra uma conta poupança com benefícios fiscais para o tipo de poupança que está a fazer.
É fácil adiar a decisão de fazer reparações em casa ou tentar seguir vídeos “Do It Yourself” (DIY) no YouTube, principalmente quando isso nos pode poupar algum dinheiro.
No entanto, evitar fazer obras pequenas que custam 250€ ou 300€ poderá levá-lo a gastar o triplo ou mais ainda, no futuro, principalmente em reparações que envolvam canalização ou eletricidade e que devam ser feitas por profissionais. Na pior das hipóteses, ao tentar fazer estes arranjos por si, poderá inundar a sua casa ou provocar um incêndio.
Privar-se de pequenos luxos torna todo o processo de poupança mais difícil. Tal como uma dieta para perder peso, uma dieta financeira estável só é conseguida através de ganhos constantes.
Por isso, porque não permitir-se comprar ou fazer algo que lhe dê prazer cada vez que atingir determinado valor de poupança? Se gosta de jogar golfe ou frequentar SPAs, permita-se a esse luxo como recompensa por ter alcançado um objetivo de poupança.
Se gosta de beber um café na rua ou assistir Netflix, continue a fazê-lo. Não corte em gastos que são prazerosos, pois, ao fazê-lo, entrará em guerra consigo mesmo e dificultará o processo de poupança efetiva.
A privação desequilibra-nos ao ponto de nos encorajar a comprar algo novo e ainda mais caro do que o SPA ou a subscrição Netflix para nos sentirmos compensados. E a poupança, como tudo na vida, assenta em força de vontade e em manter o equilíbrio.
Se já começou a seguir os nossos conselhos de poupança, queremos dar-lhe os parabéns. Mas já que está a poupar ou quer começar, foque-se em fazê-lo da forma mais profícua possível, para garantir a sua estabilidade financeira futura, com certezza.